Análise

Saint Maud (2019) – o isolamento e a religião em uma mente decadente

Se você pensa que já viu todas as combinações possíveis de religião e terror psicológico, Saint Maud (2019), estreia de Rose Glass, prova que a mente humana ainda guarda mistérios capazes de perturbar e fascinar. Mergulhando na psique de Maud, uma jovem enfermeira obcecada por salvar a alma de sua paciente Amanda, o filme explora solidão, fanatismo e decadência mental com uma estética cuidadosa e uma tensão crescente que vai muito além do susto fácil. Entre sombras, orações e delírios, Glass cria um suspense que desafia nossa percepção da fé e da moral, oferecendo uma experiência visual e sonora que incomoda e hipnotiza.

Doente de Mim Mesma: o adoecimento causado pelo excesso de exposição às redes sociais

O filme Sick of Myself (Doente de Mim Mesma), do norueguês Kristoffer Borgli, transforma a obsessão por visibilidade em uma sátira ácida sobre o narcisismo contemporâneo. Misturando comédia, drama e terror, o longa escancara até onde alguém pode ir para ser visto — e como o culto à imagem, nas redes e fora delas, pode se tornar uma forma silenciosa de adoecimento.

APOCALIPSE NOS TRÓPICOS, DE PETRA COSTA (2024): O BRASIL QUE REZOU PELA PRÓPRIA MORTE

Se em Democracia em Vertigem Petra explorou o impeachment de Dilma, aqui ela vai além. Apocalipse nos Trópicos é seu filme mais perigoso porque expõe, sem metáforas, o que acontece quando religião e política se tornam armas. E, ao fazê-lo, Petra Costa não apenas conta uma história, mas toca em pontos espinhosos — ela acende um alerta. Resta saber se estamos dispostos a ver, ouvir e falar sobre isso.

FÚRIA PRIMITIVA (2004) – COMO DEV PATEL USOU A AÇÃO PARA FALAR DE OPRESSÃO E CULTURA

A cinematografia é cuidadosa dentro do possível, tem uma ótima fotografia que destaca a cidade e a ambientação, as coreografias são frenéticas e às vezes absurdas, mas estamos prontos para isso. O filme é forte também ao pinçar e misturar aspectos de diferentes cinemas sem causar estranheza no público ocidental, sabendo como usar o melhor de cada um. E ele se esforça também para falar sobre os dramas sociais e o poder opressor do governo […]

SHAME E O MARTÍRIO DO PRAZER

São poucos os filmes que conseguem retratar tão bem um período ou uma época. Shame (2011) é um filme que aborda sem pudores algumas feridas da sociedade moderna, como a solidão, o individualismo, a busca pelo prazer e os vícios que chegam a provocar vergonha.

Código Preto

Para uma história que recorre à figura do espião, Código Preto (Black Bag, 2025, de Steven Soderbergh) dispõe de uma encenação manhosa. Afinal, entre os heróis possíveis, não existiria nenhum mais solitário.

O amor no fim do tempo em Amour e Vortex

Amar é uma atividade repulsiva. Os filmes Amour (Michael Haneke, 2012) e Vortex (Gaspar Noé, 2021) apresentam, sob ópticas estéticas distintas, figurações do fim da vida e da progressiva dissolução subjetiva e corporal provocada pela velhice, pela doença e pela morte.