SIRAT (2025): UM FILME QUE CORTA, CURA E CALA
Sirat exige paciência, silêncio e abertura emocional. Com planos lindíssimos e ao mesmo tempo brutais, é uma obra que convida a atravessar o deserto externo e o deserto íntimo.
Sirat exige paciência, silêncio e abertura emocional. Com planos lindíssimos e ao mesmo tempo brutais, é uma obra que convida a atravessar o deserto externo e o deserto íntimo.
A cinematografia é cuidadosa dentro do possível, tem uma ótima fotografia que destaca a cidade e a ambientação, as coreografias são frenéticas e às vezes absurdas, mas estamos prontos para isso. O filme é forte também ao pinçar e misturar aspectos de diferentes cinemas sem causar estranheza no público ocidental, sabendo como usar o melhor de cada um. E ele se esforça também para falar sobre os dramas sociais e o poder opressor do governo […]
O amor é como um acidente, é vigiado por curiosos e pessoas com más intenções. Amor é o que te prende aqui? “Aqui não tem nada pra você”. Ter. Amor que desliza a mão pela pele, pelo sexo e beija os pés. Acorda preocupado e olha para o horizonte, tem medo de ser abandonado e numa manta é abraçado.
“O Tempo é o Senhor da existência”, declara um dos antigos, um dos personagens que ensina dúvidas à Safira Moreira sobre o que é a vida, a morte, o amor, o que foi, o que se é, e o que será. “Cais” (2025), segundo a própria diretora, após a sessão de exibição no 14º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba, “gera mais perguntas que respostas”.
Pela primeira vez na história do Olhar de Cinema, uma animação disputa a Competitiva Brasileira. O longa “Glória & Liberdade” se passa no ano de 2050 e conta a viagem da documentarista Azul, que busca entender os processos de divisão de quatro nações do continente Pau-Brasil, todas na antiga região Nordeste e Norte do antigo país Brasil.
“Fale sobre a Palestina”, foi a primeira frase que escutei de Gustavo Castro, diretor do documentário “Notas Sobre um Desterro” (2025), assim que cheguei na sessão durante o 14º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba. Sua fala, acima de qualquer mensagem, tinha como objetivo nos incentivar a espalhar que há quase 80 anos (no mínimo) o povo palestino é vítima de um Apartheid por parte de “Israel”.
Produzido ao longo de mais de 10 anos, o documentário “A Voz de Deus” (2025) tematiza as eternas-promessas na teologia neopentecostal em sua forma mais contemporânea: os pastores-mirins, um fenômeno cultural, midiático, religioso e econômico que é profundamente explorado por igrejas, outras formas de empresa, e famílias.
A reimaginação recifense de Salomé é uma realidade autóctone e universal brasileira. A mãe religiosa, as fofocas das senhoras da rua, os conflitos familiares, as relações e afetos construídos em uma vivência queer, noturna, diária. Os elementos e ambientes banais, aos quais somos lançados e identificados por nossas próprias experiências, são configurados como relíquias para contemplação, lenta e demorada. O culto ao tesão rotineiro é expresso com o maravilhamento do supérfluo, isso é estar com tesão.
Antes de rodarem “Cloud”, foi passado no telão um vídeo do diretor para o público do evento. Em sua fala, destaca sobretudo a necessidade de pensar os absurdos do mundo atual, e a busca dele por fazer um filme com um nível de realidade na qual a moral é ambígua, e que, ao mesmo tempo, funcionasse como uma produção de entretenimento.
Embora o gentílico para os nascidos em Brasília seja “brasiliense”, o termo “candango” acabou por se tornar uma opção tão popular que muitas pessoas nem usam o primeiro, tornando-se uma segunda opção de adjetivo pátrio… Vladimir Carvalho, nome importante da cena documental nacional, ascendeu com um dos nomes do Cinema Novo, participando de produções em sua região. Mas o que um estabelecido documentarista paraibano tem a ver com a história do cinema brasiliense? Muita coisa!