Crítica

Um gay falando de um gay dentro de uma narrativa assassina: o dia que Ryan Murphy foi longe demais

Ryan Murphy foi longe demais. O queridinho de Hollywood, que já transformou o drama adolescente em hino gay e o terror em espetáculo pop, agora brinca perigosamente com os limites da representação — e do bom senso. Em sua nova empreitada, o mesmo criador que nos deu Glee e American Horror Story decide misturar a história de um assassino sádico com a de um ator gay reprimido, confundindo monstruosidade com sexualidade. O resultado? Um delírio audiovisual que beira o insulto — e revela o abismo entre genialidade e irresponsabilidade artística.

Doente de Mim Mesma: o adoecimento causado pelo excesso de exposição às redes sociais

O filme Sick of Myself (Doente de Mim Mesma), do norueguês Kristoffer Borgli, transforma a obsessão por visibilidade em uma sátira ácida sobre o narcisismo contemporâneo. Misturando comédia, drama e terror, o longa escancara até onde alguém pode ir para ser visto — e como o culto à imagem, nas redes e fora delas, pode se tornar uma forma silenciosa de adoecimento.

O outro em nós é o estranho

A câmera acompanha pés que parecem desejar caminhos próprios, surge em cena a imagem de um rosto estranho virado para uma cidade reluzente. O roteiro do filme Monster (2023) conduz o espectador a planos diferentes, em que cada personagem traz uma nova perspectiva.

EXISTE VIDA ALÉM DA NETFLIX: O INSTITUTO (2025), de Stephen King na MGM+, uma obra quase prima

Com direção precisa, adaptação sólida, elenco bem escalado, atuações marcantes, um jogo de câmeras inteligente e uma fotografia que beira o Oscar, O Instituto merecia ser uma série globalmente conhecida, lançada em uma plataforma mais acessível. Mas talvez — só talvez — o fato de estar em um streaming de nicho a transforme, um dia, em uma obra-prima esquecida no tempo. Daquelas que a gente redescobre por acaso e revive com entusiasmo, como tantas outras já ressurgiram.

A substância (2024)

A interpretação realista de uma história fantástica supôs a dicotomia entre duas gerações de mulheres, leitura como que imposta pelo filme. Se assim fosse, tudo se resolveria na fantasia interdita para a primeira e realizada pelo duplo. A confusão surge de uma tentativa legítima por um acerto.

APOCALIPSE NOS TRÓPICOS, DE PETRA COSTA (2024): O BRASIL QUE REZOU PELA PRÓPRIA MORTE

Se em Democracia em Vertigem Petra explorou o impeachment de Dilma, aqui ela vai além. Apocalipse nos Trópicos é seu filme mais perigoso porque expõe, sem metáforas, o que acontece quando religião e política se tornam armas. E, ao fazê-lo, Petra Costa não apenas conta uma história, mas toca em pontos espinhosos — ela acende um alerta. Resta saber se estamos dispostos a ver, ouvir e falar sobre isso.