TUDUM 2025: a noite em que Lady Gaga foi maior que a Netflix

TUDUM 2025: A NOITE EM QUE LADY GAGA FOI MAIOR QUE A NETFLIX

Produzir ou investir em audiovisual já é, por si só, um grande desafio. Em um cenário dominado por ao menos dez plataformas de streaming competindo com conteúdo próprios, destacar-se se torna ainda mais difícil. Além dos obstáculos financeiros e criativos, a concorrência é feroz.

Com o objetivo de se manter relevante nesse universo competitivo, a Netflix Brasil — sim, Brasil — organizou em 2020 um evento em São Paulo para apresentar suas novidades para o ano. O nome do festival fazia referência ao som característico da plataforma: TUDUM FESTIVAL. O que começou como um evento nacional tornou-se, com o tempo, uma vitrine anual e global da Netflix para divulgar suas produções originais.

CORTA PARA 2025

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O TUDUM 2025 trouxe as principais estreias do ano. Entre os destaques estavam:

  • Stranger Things 5: A tão esperada temporada final será lançada em três partes — 26 de novembro, 25 de dezembro e 31 de dezembro de 2025. Dividir o encerramento de uma das séries mais influentes da cultura pop em três partes soa, para muitos fãs, como um ato desesperado por atenção e engajamento. O novo trailer, divulgado durante o festival, revelou que a trama se passa no outono de 1987, 18 meses após os acontecimentos da quarta temporada.
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  • Round 6 – Parte final: Estreia marcada para 27 de junho.
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  • Frankenstein, dirigido por Guillermo del Toro: Uma adaptação gótica estrelada por Oscar Isaac e Jacob Elordi, com previsão de lançamento para novembro de 2025.
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  • Larissa: O Outro Lado de Anitta: Novo documentário — mais um — sobre a trajetória internacional da cantora Anitta, registrando três anos de desafios pessoais e profissionais.
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  • DNA do Crime – Temporada 2: Continuação da elogiada série policial brasileira inspirada em um caso real ocorrido nas fronteiras entre Brasil, Paraguai e Argentina, com estreia prevista para o primeiro semestre de 2025.
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  • Wandinha (Wednesday) – Temporada 2: Outra aposta da plataforma, também dividida em duas partes, com estreias em 6 de agosto e 3 de setembro de 2025. O grande destaque vai para a entrada de Lady Gaga no elenco, interpretando Rosaline Rotwood, uma professora lendária da Academia Nevermore.

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E talvez seja aqui que “a coisa pega feio”, no TUDUM de 2025, os olhos do mundo não estavam nas novas produções da Netflix, que na realidade nem eram tão novas assim e que a maioria de nós já sabíamos as sinopses e as datas de lançamento.

No TUDUM de 2025 a única coisa que foi mais comentada nas redes sociais, foi ela, LADY GAGA. E o motivo é tanto poético como trágico.

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Nas redes sociais, a apresentação da cantora eclipsou os anúncios da Netflix — muitos dos quais o público já conhecia com antecedência. A presença de Gaga, em uma performance altamente estilizada e gótica, alinhada ao universo de Wandinha, mostrou que o maior trunfo do evento não estava em seus lançamentos, mas na força simbólica de uma artista.

A Netflix, nos últimos anos, não conseguiu emplacar uma nova “série-sensação” — daquelas que dominam o imaginário coletivo e criam laços afetivos com o público. Em 2025, títulos como Stranger Things, Round 6 e You se despedem da plataforma. Wandinha, por sua vez, segue como a última grande aposta, mas com futuro incerto.

Ver Jenna Ortega, consolidada como uma das atrizes mais promissoras de Hollywood, dividindo palco com Lady Gaga — mesmo que por poucos segundos — serviu como metáfora para o momento da plataforma: sua única carta na manga é a Família Addams. E, caso Ortega decida seguir outros rumos, todo esse castelo de cartas pode ruir.

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Curiosamente, Lady Gaga não está envolvida com nenhuma produção da Netflix, além de sua breve participação em Wandinha. No entanto, foi ela — com a performance de um novo álbum gótico que deveria vir após a “era” ArtPop — quem salvou o TUDUM 2025 do fracasso.

Em meio à crise criativa e à constante migração de roteiristas, atores e diretores entre plataformas, tentando emplacar a próxima grande obra pop, o festival deste ano teve sabor de despedida. A Netflix, sem novidades realmente impactantes, ofereceu ao público uma espécie de funeral alegre de suas glórias passadas.

Felizmente, Lady Gaga entregou uma de suas melhores performances da carreira — intensa, teatral, simbólica — e, com isso, impediu que o TUDUM 2025 se tornasse irrelevante. Foi ela quem resgatou do abismo as lágrimas dos executivos, dos fãs fiéis e daqueles que ainda esperam por uma nova narrativa capaz de capturar o espírito do tempo.

Agora, resta saber se ainda haverá novos capítulos. Ou se, de fato, o ciclo de ouro da Netflix termina aqui, em 2025.

Autor

  • Renan Dalago

    Publicitário com segunda graduação em Letras - Português/espanhol e suas respectivas literaturas pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. Especialista em Comunicação, Semiótica e Linguagens Visuais e Psicologia Analítica Junguiana. Mestre em Poéticas da Modernidade. Doutorando em Comunicação, na linha de pesquisa Mídia e Cultura, pela Universidade Federal de Goiás, bolsista pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG). Amante da sétima arte, da psicanálise junguiana, seus arquétipos e, também, da semiótica. Mistura tudo isso para compreender o mundo, a sociedade, a comunicação, o cinema, a literatura e as inter-artes.

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